Por que Júpiter parece estar encolhendo? Entenda o fenômeno que intriga os cientistas

Júpiter é, sem dúvida, um dos gigantes mais fascinantes do Sistema Solar. Com sua presença imponente, ele não apenas impressiona com suas listras coloridas e tempestades colossais, mas também cumpre um papel fundamental na manutenção da ordem cósmica ao nosso redor.

Seu imenso campo gravitacional atua como um escudo natural para a Terra, desviando asteroides, cometas e detritos espaciais que poderiam ameaçar a vida no nosso planeta.

Ao atrair ou desviar corpos celestes perigosos, Júpiter ajuda a manter a estabilidade orbital e reduz drasticamente o número de impactos que poderíamos sofrer. É como se ele estivesse de guarda na periferia do Sistema Solar, bloqueando o que não presta.

Mas, apesar de toda essa força, até os gigantes mudam. Recentemente, cientistas têm observado uma transformação curiosa em sua atmosfera, levantando a pergunta: será que Júpiter está encolhendo?

Ilustração conceitual da Grande Mancha Vermelha de Júpiter encolhendo
Ilustração conceitual da Grande Mancha Vermelha de Júpiter encolhendo. Imagem: Layse Ventura via Freepik / Olhar Digital

É verdade que Júpiter está ficando menor?

Nos últimos anos, cientistas que monitoram Júpiter através do telescópio espacial Hubble têm observado uma mudança intrigante em um de seus elementos mais marcantes: a Grande Mancha Vermelha. Essa imensa tempestade anticiclônica, visível da Terra desde o século XVII, está diminuindo de tamanho de forma constante há mais de 100 anos.

O fenômeno levantou uma dúvida frequente até mesmo entre astrônomos amadores: será que Júpiter está encolhendo como um todo? A resposta direta é não. Júpiter, como planeta, não está diminuindo em volume total.

O que está encolhendo é a Grande Mancha Vermelha, que já foi larga o suficiente para abrigar três Terras lado a lado, mas hoje mal comportaria uma e meia. Isso tem levado muitos a acreditarem, de forma equivocada, que o planeta inteiro estaria encolhendo.

A confusão se dá porque a Mancha é uma das estruturas mais visíveis e duradouras do Sistema Solar, e sua mudança acentuada sugere uma transformação maior no planeta.

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A Grande Mancha Vermelha é uma tempestade atmosférica de alta pressão que gira no sentido anti-horário entre os cinturões de nuvens jupiterianas. Desde o fim dos anos 1800, astrônomos têm registrado medições detalhadas da tempestade, e os dados mostram que ela perdeu mais de 60% do seu diâmetro.

Atualmente, a mancha tem cerca de 16 mil quilômetros de largura, quando no passado chegava a ultrapassar 40 mil. Curiosamente, apesar de estar diminuindo em extensão, a tempestade tem ficado mais alta.

Observação foi feita por meio do Telescópio Espacial Hubble, que completou 35 anos em órbita em 2025. Créditos: Dima Zel – iStockPhoto/NASA. Edição: Olhar Digital

Dados recentes da NASA indicam que ela está se tornando mais profunda verticalmente, o que significa que a dinâmica atmosférica do planeta está mudando. Acredita-se que as camadas internas da tempestade estejam ganhando força, o que compensa a perda de largura. Essa característica torna o encolhimento mais complexo do que se pensava inicialmente.

O encolhimento da Grande Mancha Vermelha, embora impressionante, não representa risco algum para a estabilidade de Júpiter como planeta.

Isso acontece porque a Mancha é apenas uma estrutura atmosférica, e o planeta em si é composto basicamente por hidrogênio e hélio em estado gasoso e líquido, sem uma superfície sólida como a Terra.

Mudanças em sua atmosfera são normais, embora nem sempre previsíveis. Esse tipo de fenômeno não é exclusivo de Júpiter. Saturno também apresenta padrões atmosféricos sazonais que mudam ao longo do tempo, e tempestades colossais surgem em seus hemisférios em ciclos que ainda não compreendemos totalmente. No entanto, o caso da Grande Mancha Vermelha é único pela sua longevidade e visibilidade.

Metade de Júpiter
Imagem de Júpiter (Imagem: Claudio Caridi/Shutterstock)

A Grande Mancha Vermelha pode desaparecer?

O encolhimento da tempestade ainda levanta dúvidas sobre os mecanismos que sustentam sua existência por séculos. Alguns pesquisadores acreditam que ela pode desaparecer por completo nas próximas décadas, enquanto outros argumentam que ela pode apenas mudar de forma ou dar origem a outra estrutura semelhante.

Se desaparecer, seria um marco histórico para a astronomia, já que observadores desde os tempos de Galileu têm acompanhado essa característica com fascínio.

Além do tamanho da mancha, pesquisadores têm observado alterações em outras áreas da atmosfera de Júpiter. Cinturões de nuvens mudam de espessura e coloração com frequência, indicando um ambiente dinâmico e altamente influenciado pela radiação solar e pelo próprio calor interno do planeta. Esse calor, liberado lentamente desde a formação do planeta, é o que alimenta muitas das tempestades jupiterianas.

Ilustração de um planeta júpiter malhando para perder peso
Ilustração de Júpiter malhando para “perder peso”. Imagem: Layse Ventura via ChatGPT / Olhar Digital

Portanto, embora a frase “Júpiter está encolhendo” esteja circulando, o que está encolhendo de fato é uma de suas marcas registradas.

A redução da Grande Mancha Vermelha chama atenção por sua importância histórica e científica, mas não representa uma diminuição real do tamanho do planeta. Júpiter continua sendo o maior corpo do Sistema Solar depois do Sol, com massa suficiente para comportar mais de mil Terras em seu interior.

Com informações de NASA.

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