Intestino pode ser um “alvo” promissor para tratar depressão; entenda

A ligação entre a mente e a barriga vai além da sinalização de quando precisamos comer. Diversos estudos mostram como essa conexão pode afetar até a nossa saúde mental. O Olhar Digital já abordou esse tema. Agora, um novo estudo sugere que o intestino pode ser um alvo mais promissor para o tratamento da depressão e da ansiedade.

A pesquisa aponta que direcionar medicamentos antidepressivos para uma parte específica do intestino pode melhorar os sintomas adversos, além de prevenir problemas digestivos em bebês expostos aos remédios durante a gravidez.

Os resultados da investigação foram publicados na revista Gastroenterology.

Tratamento com antidepressivos pode afetar o intestino

Grande parte das pessoas que enfrentam condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, também têm dificuldades digestivas, como intestino irritável ou constipação, causadas pela ligação entre o cérebro e o intestino.

Um dos principais tratamentos antidepressivos, chamados de ISRSs (inibidores seletivos de recaptação de serotonina), também pode interferir nessa conexão, causando efeitos colaterais, como problemas gastrointestinais e ansiedade no início do uso.

Além disso, durante a gravidez, esses medicamentos podem atravessar a placenta e o leite materno, aumentando o risco de complicações para o bebê, embora deixar de tratar a mãe também traga riscos graves.

A conexão cérebro-intestino pode ajudar a aprimorar tratamentos de condições de saúde mental. Esta é uma ilustração gráfica dos resultados do estudo. – Imagem: Gastroenterology.

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Os ISRSs ajudam a aumentar os níveis de serotonina, um neurotransmissor responsável por controlar o humor, no cérebro. Curiosamente, a maior parte da serotonina do corpo é produzida no intestino. Isso sugere que o órgão tem um papel importante nos efeitos dos antidepressivos. Por isso, pesquisadores buscaram entender se focar a terapia no alvo intestinal poderia ser eficaz.

O intestino pode ser um alvo promissor para tratar depressão

  • Em um novo experimento, cientistas estudaram ratos modificados para não ter um transportador de serotonina no epitélio intestinal — uma fina camada de células que reveste os intestinos delgado e grosso.
  • Os animais foram analisados em duas fases principais: enquanto estavam sendo gerados e depois na fase adulta.
  • A remoção do transportador de serotonina elevou os níveis do hormônio em ambos os grupos de ratos, levando a melhorias nos sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, reduziu os efeitos adversos no intestino.
  • Os pesquisadores descobriram que os nervos vagos, que ligam o intestino ao cérebro, são essenciais para que a serotonina no intestino influencie o humor.
  • Quando essa comunicação foi bloqueada em camundongos, os benefícios no tratamento da ansiedade e depressão não ocorreram.
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Os antidepressivos podem aumentar o risco de bebês desenvolverem constipação no primeiro ano de vida, mostra estudo – Reprodução: freestocks/Unsplash

Impacto dos antidepressivos na gravidez

A equipe de pesquisa também investigou o uso de antidepressivos durante a gravidez. Eles acompanharam o tratamento de mais de 400 mulheres — um quarto delas tomava antidepressivos — e o desenvolvimento de seus bebês durante o primeiro ano de vida.

Descobriu-se que os medicamentos podem aumentar o risco de bebês desenvolverem constipação no primeiro ano de vida. Entre as crianças com um ano, 63% apresentaram constipação, enquanto apenas 31% das crianças cujas mães não tomaram antidepressivos tiveram o problema digestivo.

Embora essa evidência seja importante, os cientistas alertam que ainda são necessárias mais pesquisas. Ficar sem tratar os problemas de saúde mental na gestação também é arriscado para a mãe e o bebê. Por isso, as gestantes devem discutir com seus médicos a melhor opção de tratamento.

Quem sabe, no futuro, os antidepressivos possam ser focados em alvos mais específicos no intestino, proporcionando uma terapia mais segura para todos.

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